Milagres a Ultima Cidade a Abolir a Escravidão



Instituto do Ceará. Em 1966 o historiador estadunidense Bill Chandler publicou breve artigo na Revista do Instituto em que conclui que a data verdadeira da extinção do elemento servil, no Ceará, deveria ser alterada para 13 de maio de 1888 (…)‖ (CHANDLER, 1966: 173). Sua argumentação baseia-se na existência de escravos no município de Milagres até 1886, que na melhor das hipóteses foram alforriados na condição de servir por 3 anos estendendo a escravidão até 1889. O assunto era melindroso e não ficou sem resposta. No ano seguinte é publicado na Revista do Instituto o artigo ―Debate sôbre o abolicionismo cearense‖ de Djacir Menezes, em que apresenta argumentos para defender a efeméride cearense. Por ora o referido debate fica suspenso. É preciso integrar, no entanto, o movimento abolicionista do Ceará no processo de desmoronamento da escravatura no Brasil, na segunda metade do século XIX.

MILAGRES - A EXCEÇÃO "NEGRA" DA LIBERTAÇÃO  DOS ESCRAVOS 

Milagres, povoação situada no vale do Cariri, a 3 de dezembro de 1842 elevava-se à categoria de freguezia, e à de vila, no dia 17 de agosto de 1846.

Residiam ali, fazendo bons negócios, em 1861, os “mais ricos proprietários e criadores do Cariri”, como é dito no Dicionário Topográfico e Estatístico da Província do ceará onde colhemos esses informes. Nossa Senhora dos Milagres é a santa de sua invocação, e pela divisão eleitoral da Província, em 1860, calcada no decreto de 7 de setembro desse ano votam 801 pessoas.

A população, em 1858, era constituída de 8.704 pessoas livres e de 571 escravos, predominando mulheres (299). Em 1853,desenvolvia seu criatório em “160 fazendas de criar, em que se colectarão 3.800 garrotes”, quantidade que se aproxima do total conseguido por Maria Pereira (4.000), no mesmo ano, conseguido com 456 cativos.

  Tudo leva a crer que maior número de escravos utilizados no campo acabava   por significar àquele tempo safra mais generosa de bezerros. por ano. Assim é  que, em Quixeramobim, 1.449 cativos (720 do sexo masculino) respondiam pela coleta de 10.000 garrotes e 2.300 potros em 1855.

município de Milagres, por ser o Único da Província em que ainda existiam escravos como fora verificado posteriormente ao pacto comemorativo da pacifica propaganda de vossos conterrâneos para
a libertação do Ceará; entretanto, teve depois, de mandai-o observar nos demais municípios, como consentâneo ao principio das
leis promulgadas para todo o Império e como condição de constar
a não existência de escravos nos municípios livres.

Os últimos anos da escravatura no Brasil vem dizer-nos a contragosto: “... na realidade, a escravatura não deixara inteiramente de existir no Ceará a 25 de março de 1884. Em fevereiro de 1886, o Jornal do Commercio informou ainda havia 298 escravos no município de Milagres e, mais de dois anos depois, um relatório do Ministério da Agricultura,datado de um dia após a abolição de escravatura brasileira, colocou a população cativa em 108.

REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA

ABREU, Capistrano de – CAPÍTULOS DE HISTÕRIA CO-
LONIAL (1500-1800) 5.a
edição, Editora Universidade de Brasília,D. F., 1983.
ANDRADE, Cordeiro – BREJO, Atena Editora, Rio de Janeiro,1932.

AVELLAR, Sena – COMPRA E VENDA DE ESCRAVOS, Editora Littera Maciel, Belo Horizonte, 1977.

BEZERRA, Antônio – ALGUMAS ORIGENS DO CEARA, Typ.
Minerva, Fortaleza, 1918.

BRASIL, Thomaz Pompeu de Sousa – DICIONÁRIO TOPO-

GRÁFICO E ESTATÍSTICO DA PROVÍNCIA DO CEARÁ
Eduardo & Henrique Laemmert, Rio de Janeiro, 1861 



  

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